Seja Dizimista!

Seja Dizimista!

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Homilia da Sexta feira da 21ª Semana do Tempo Comum




Homilia da sexta feira 21º Semana do tempo comum
Marcilio Oliveira da Silva[1]


O texto do evangelho de hoje está inserido no ultimo grande discurso estruturado por Mateus: O sermão escatológico. Logo, a parábola contada por Jesus trás como temática a Parusia (a vindo do filho do Homem nos últimos dias). Mateus, aliás, foi o único dos evangelistas a utilizar este termo para designar a vinda do Filho do homem. Os últimos sermões de Jesus são como que a apresentação dos critérios com que o próprio Cristo presidirá o Juízo final. Como sabemos, o texto escrito por este apóstolo foi direcionado para os cristãos que se haviam convertido do judaísmo e que naquele contexto de época sofriam grande pressão das classes judaicas que haviam sido reformuladas após o concilio de Jãmnia (que ocorreu após a queda do templo de Jerusalém).
            A parábola das Dez virgens é bem conhecida de todos nós, está repleta de mensagens e imagens com grande valor para a vida do cristão. Uma delas nos fala da prontidão e vigilância que os seguidores de Jesus precisam ter, pois, como nos diz no final do trecho: “não sabeis o dia nem a hora” que o noivo chegará. Podemos destacar outras imagens como o do Esposo que evidentemente é o Senhor, o tempo de espera, que é aquele em que devemos manter acessas as nossas lâmpadas da fé, da esperança e da caridade, é aquele antes da vinda final de Jesus. O texto, no contexto em que se insere, tem uma finalidade exortativa e procura transmitir esperança para os cristãos que estão a espera do salvador que havia acabado de ascender aos céus.
            Porém, neste texto, gostaria de destacar a figura das dez virgens. Chama-nos a atenção o aparato que elas possuem: Lâmpadas, e a vasilha com o óleo. Isto nos faz lembrar que o Senhor já dispôs para nós tudo aquilo que precisamos ter para que quando sua vinda acontecer estejamos prontos. Percebam que no inicio do texto as dez virgens estavam com as lâmpadas e o óleo nas mãos, porém, o evangelista faz questão de nos mostrar que do grupo havia cinco delas que eram descuidadas (segundo a tradução da CNBB), enquanto as demais eram precavidas e levaram o seu vasilhame de óleo que garantiria que a chama da lâmpada não se apagasse.
            De fato, Cristo já nos cumulou com aquilo que nos basta para participarmos com ele das núpcias finais. A figura das virgens imprevidentes é o retrato de que precisamos ser zelosos com a nossa vocação. É nela que Deus acende a sua luz para que brilhe aos homens como sinal da sua presença. Isto acontece por meio do Espírito Santo, que é sustento da Igreja. Não podemos deixar a luz de Cristo apagar-se na lâmpada do nosso coração. Para isso, temos o Espírito Santo, não podemos esquecê-lo! Recordemo-nos da promessa do paráclito que foi enviado para nos garantir que a luz de Cristo em nós jamais se apagará.
            A primeira leitura vai complementar tudo isto. Percebam que são Paulo recomenda à comunidade de Tessalônica a conservação de todas as instruções que foram transmitidas pelos Apóstolos. Ele frisa a importância de se manter vivo todos os valores evangélicos que aquela comunidade apreendeu. São Paulo recomenda aos tessalonicenses o zelo por aquilo que o coração daqueles homens e mulheres guardavam em si. Somente os valores do Evangelho é que nos asseguram viver o banquete do Reino. Portanto, a liturgia de hoje é motivo para nos alegrar, pois, já estamos em punho com os elementos que nos garantem participar do Reino prometido pelo Senhor.
Contudo, nossa atenção deverá estar voltada para que não desperdicemos a dádiva que já nos foi conferida por Jesus. A graça já nos foi dada, embora não sejamos merecedores de nada disso. Mas, o próprio Deus nos enfeitou, convidou e nos espera para entrarmos com ele na festa eterna do reino. FALAR DO ANTIGO RITUAL DAS NÚPCIAS NA TRADIÇÃO JUDAICA.
            Enquanto estamos neste mundo é nosso dever sermos cuidadosos como as virgens cuidadosas. A vocação que está em cada um é um dom, é um presente de Deus. Não podemos perdê-la, nem esquecê-la. Temos um roteiro em mãos, como se fosse um ingresso que nos orienta a viver uma vida inserida na vontade de Deus.
O Evangelho de hoje poderia nos assustar pelo teor da expressão que Jesus usa e pelo seu caráter escatológico: “Em verdade vos digo; não vos conheço”. Jesus assim se expressou após ouvir o pedido das imprudentes para que ele abrisse a porta, uma vez que as descuidadas não estavam presentes ou preparadas para entrar na festa quando o noivo chegou. Porém, nesta perspectiva, devemos é nos alegrar, pois, como o mesmo texto nos diz: “O noivo está chegando. Ide acolhê-lo”. Se somos descuidados com a nossa vida, com a nossa vocação, com a nossa fé, com a nossa caridade, com a nossa vida espiritual, com a vida comunitária, intelectual, pastoral, afetiva e humana é possível nos tornarmos cuidadosos. Ainda há tempo para buscarmos aquilo que alimenta tudo isto, já que ao nosso dispor existem elementos que nos ajudam a crescer, como pessoas, como homens, como cristãos e como seminaristas. O aparato está ao nosso alcance. É possível mudarmos e de imprevidentes nos tornarmos previdentes.  
Somos convocados pelo Pai a oferecer a nossa vida para que o mundo conheça o amor eterno que vem de Deus. Deixamos nossas casas, sonhos, projetos, famílias, valores, para servirmos aos irmãos, a Cristo e a sua Santa Igreja. Queremos ser sacerdotes, guias de muitos que estão no descuido com aquilo que lhes foi dado para entrarem no banquete festivo.
O sentimento de vigilância e prontidão perpassa nossa vida, sempre! Ele inflama quando visitamos as comunidades nas atividades dos finais de semana. Em meio a tantas realidades que nos aparecem brota em nós o desejo de orientar os desorientados e de prevenir os desprevenidos. Queremos exercer o papel daquele que gritou: “o noivo está chegando. Ide acolhê-lo”! Exerceremos, assim, o papel de guias de um rebanho. O que nos assegura esse papel que queremos viver é o próprio Espírito Santo, que nos orienta e nos orienta a orientar aqueles que querem participar da festa do Reino eterno.
 A verdade é que nossas experiências pastorais nos mostram que em nós as pessoas enxergam uma referência, um Cristo. Certamente o que veem é a luz (que é Cristo) da lâmpada da vocação que carregamos. Luz que clareia as trevas, que traz esperança aonde esta se perdeu, a mesma que alimenta o coração atribulado e aflito. Ainda é tempo para abastecemos a nossa fé, nossa identidade vocacional com a divina chama que o próprio Jesus acendeu: O Espírito Santo que ele mesmo enviou até nós. Que está aqui! O dia já nasceu, estamos respirando, podemos ainda, agora, suplicar ao Senhor a prudência que tantas vezes nos fez comprometer a nossa fé, o amor que temos e a esperança que existe em nós.   
 Lembremos que nesta festa eterna, da união definitiva de Cristo com a sua Igreja, o noivo deu a sua amada esposa (a Igreja) todos os elementos para que estivesse pronta quando este chegasse. Como Igreja, estamos a esperar o Senhor voltar, mas esta espera deverá ser em clima de alegria, pois, somos os convivas desta certeza. Recebemos aquilo que nos assegura participar deste Reino. Não somos penetras de uma festa, mas, os autênticos convidados, ou seja, aqueles a quem foi pedido estar ao lado do noivo quando este assim chegar.
E no contexto de abraçar a vocação sacerdotal, nossa alegria deverá ser ainda maior, pois, temos uma função especial que é de conduzir e orientar, através da nossa vocação, todos aqueles que desejam conhecer o Cristo, pois, ele se fará pessoa em cada um de nós.      



[1] Marcilio é graduado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, estudante do segundo Período de Teologia da Faculdade Diocesana de Mossoró e Seminarista do Seminário Santa Terezinha de Mossoró. Atualmente presta serviços pastorais na Paróquia de São Sebastião de Caraúbas/RN. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário