O vigário-geral da Diocese de Santa Luzia de Mossoró, Padre Flávio Augusto, também coordenador da Festa de Santa Luzia, fala das novidades dos festejos deste ano, da aprovação popular pelo fato de os festejos serem concentrados nas proximidades da Catedral e da devoção de um povo pela padroeira. Confira:
Entrevista concedida aos jornalistas Luís Juetê e Gilberto de Sousa
GO - Padre Flávio, o que há de novidade para este ano na festa, o que é que o senhor pode destacar?
FA - Olha, eu acho que a gente já começou, o ponto de partida nosso já é diferente. Porque o que quisemos fazer: no dia 3, ser uma abertura tipo assim que a gente tira só de Mossoró porque eu sempre compreendo que a festa não pode ser entendida como sendo só do município de Mossoró. A gente faz todo tipo de preparação, mas a gente precisa dar também à festa um caráter regional. O que é que a gente fez este ano, a abertura sair de Riacho da Cruz. Às 3h da tarde uma celebração ali e depois a imagem sair em carreata até Mossoró. E porque Racho da Cruz? Porque a última capela dedicada a Santa Luzia na Diocese foi inaugurada em maio. Eu dei a bênção ali na comunidade e ali surgiu a ideia de que a gente poderia começar a Festa de Santa Luzia. E eles toparam. Uma comunidade inteira movimentada, organizada, se sentiu muito valorizada pra festa começar em Riacho da Cruz e toda uma mobilização, pra fazer com que a partir de Riacho da Cruz, às 3h da tarde, a gente faça esse percurso até chegar a Mossoró, garantindo a abertura às 19h para a instalação oficial da festa. Então esse já é um primeiro elemento, fazer com que a própria festa já seja aberta, eu diria, fora da geografia do município de Mossoró. Há um segundo aspecto que é no ano passado nós tivemos a motorromaria e foi um sucesso, todo mundo gostou, vibrou, participou, vamos fazê-la de novo, sem dúvida. Mas este ano, como o pároco de Santa Luzia também gosta de ver o ciclismo, um adepto disso, de madrugada o Padre Walter percorre a paróquia de bicicleta, todo mundo dormindo e ele andando de bicicleta, nós vamos fazer a primeira pedalada com Santa Luzia. Nós vamos ter no dia 12, às 7 horas da manhã, ela sai de bicicleta com quem quiser participar, acompanhá-lo com a imagem. Então nós vamos percorrer sete quilômetros dentro da cidade com oito paradas. Nós vamos fazer paradas nas casas de idosos, de doentes que não podem mais se locomover. Então ali a imagem para, todo mundo desce, faz um momento de oração e Padre Walter deixa uma vela acesa ali naquela casa pra dizer "já estamos na véspera da Festa de Santa Luzia"...
GO - ... e principalmente pessoas que foram envolvidas na festa...
FA - ... Exato, a prioridade é exatamente estas pessoas que de alguma forma em anos anteriores já participaram e que de certa forma hoje estão impedidas ou pela idade ou por alguma doença. Sente-se um pouco distante. Então nós estamos programando que a festa chegue até estas pessoas até como forma de agradecer, porque são todos voluntários que trabalham na Festa de Santa Luzia. Então é uma forma da festa acontecer, levar isso, a presença da imagem, a própria festa chegar a essas pessoas. Um outro elemento que ainda é um passo adiante é um palco que nós vamos ter na Dix-sept Rosado, garantindo que a cada noite nós tenhamos uma banda exclusiva ali. É claro que eu acho que revitalizar a Festa de Santa Luzia a Dix-sept Rosado é um processo lento. Eu entendo que é lento porque todo mundo, quando você quebra pra voltar não é tão simples. E iniciar um projeto é fácil.
GO - E a própria quebra foi muito questionada, não é?
FA - Exato. Aí o que é que acontece, o ano passado a gente decidiu recomeçar e esse ano nós colocamos um palco exclusivo na Dix-sept Rosado, voltado pra ela, com uma banda a cada noite se apresentando. Pode ser que ainda tenhamos um público pequeno, não me interessa. Me interessa que a cada ano a gente vá acrescentando à Dix-sept Rosado elementos que garantam realmente uma estrutura de festa. Então esse é um terceiro elemento que a gente vai colocar...
GO - Padre, e com relação à A Mais Bela Voz, vai haver alguma redução em termos de patrocínio?
FA - A Mais Bela Voz, nós fomos comunicados de que a tradição é a Petrobras sempre fazer esse patrocínio. Este ano, por conta das eleições, por ter havido o segundo turno, a gerência nos avisou que não era possível. Nós tentamos muitos outros, mas sempre há uma dificuldade em relação à Lei Câmara Cascudo, às normas da tributação, então não foi possível. Pelo menos três grandes empresas de Mossoró ficaram encantadas com o projeto, queriam assumir, mas na hora da parte burocrática, sempre houve veto de alguém. O contador dizia que era incompatível, ou a própria secretária quando foi consultada. Então isso o que é que fez? Que nós não tivéssemos patrocinadores oficiais. Mas decidimos, a Diocese, a paróquia e a própria Rádio, fazer o projeto por questões de que ele é mais importante que uma dificuldade momentânea. Então nós decidimos dessa forma, bancar o projeto A Mais Bela Voz. A própria paróquia, a própria rádio e a Diocese, nós decidimos juntos que vamos fazer acontecer A Mais Bela Voz, inclusive nesse domingo é a final, tivemos que reduzir drasticamente algumas despesas que tínhamos no cotidiano, e fazer com mais voluntários, diminuir em 50% a premiação, já que não temos patrocinadores, mas também um jeito de dizer vamos fazer. O importante é o incentivo.
GO - Padre Flávio é difícil organizar e se conduzir a Festa de Santa Luzia sem lembrar do Monsenhor Américo Simonetti, não é?
FA - Sem dúvida. Eu acho que há dois quadros muito interessantes. Você vai visitar as pessoas de Mossoró, quando se fala em Santa Luzia se tem duas referências. Primeiro é você não souber que as pessoas lembram de Monsenhor, das profissões que ele fazia, preparando a Festa de Santa Luzia, vi depoimento de pessoas dizendo "padre, eu vi Monsenhor Humberto, com um lampião na cabeça pra clarear a noite, pra fazer a procissão de uma casa pra outra". Sabe como é que você quer fazer as coisas acontecerem. Então essa lembrança, essa memória de Monsenhor Humberto e o salto que Monsenhor Américo deu a partir da década de 80 quando ele assumiu a paróquia e aí ele a cada ano fez com que a festa deixasse de ser de uma paróquia...
GO - ... perdeu a característica paroquiana...
FA - ... perdeu. Monsenhor Américo deu esse salto impressionante. Veja que no ano passado nós tivemos que assumir as festas quando ele veio a óbito, mas assim, a forma como Monsenhor Américo organizava, pra mim é um legado que pra mim é deixar para sempre porque realmente é muito bem estruturado. Às vezes você vai fazer pequenas adaptações em função só das necessidades, como, por exemplo, hoje há uma preocupação muito grande com segurança, então nós tivemos de acrescentar à Festa de Santa Luzia esse item, claro, com a coordenação de uma engenheira de segurança, fazendo um trabalho maravilhoso, de garantir a segurança na festa, que as equipes estejam dentro dos padrões de segurança, pra que acontecendo qualquer incidente tenha socorro imediato, tenha assistência e preveni-los. Então isso é importante. Eu diria, realmente a gente não pode deixar de falar em Monsenhor Américo nestes aspectos da organização e da grandiosidade que ele deu à Festa de Santa Luzia. Por isso ele será sempre uma memória que temos obrigação de fazer.
GO - Ainda em relação à festa. Ela já está em andamento, mas se a pessoa, o telespectador tiver interesse em contribuir, de participar como colaborador, como é que deve proceder e quais as áreas que o senhor apontaria como carente e que necessita de mãos amigas?
FA - Certo. Veja, a festa já acontecendo, as equipes já constituídas, mas às vezes nós precisamos de muitos voluntários ali mesmo na matriz, porque há uma necessidade de gente que possa fazer determinado serviços e nós temos poucos voluntários que têm dedicação. Às vezes pode ser que alguém tenha uma manhã livre, que pra nós é preciosíssima, porque pode nos ajudar ali. Nós fazemos determinados serviços. Hoje veio uma pessoa me dizer: "eu posso lhe ajudar todas as tardes" e eu digo "vá pra Catedral das 3h às 5h, de expediente", já apresentei ali à turma e é um serviço burocrático, é um serviço de atendimento ao romeiro que vem pedir alguma informação, então, nesse nível se alguém puder ajudar será muito bem-vindo. Por que nós precisamos de gente que tenha condição de atender bem aos fiéis nas celebrações, dar as devidas informações. Então, nós tivemos que treinar pessoas que possam fazer isso, já temos algumas e é importante que você possa garantir esse atendimento. E até o dia 13 porque realmente nos dias 12 e 13, os últimos dias, é um acúmulo muito grande de atividades. E aí quanto mais voluntários pudermos reunir ali em torno da Catedral, garantir o acontecimento da festa, melhor pra todo mundo porque evita uma sobrecarga de alguns e faz com que a festa seja assumida por todos nós. Então nesse aspecto aqui é maravilhoso se alguém puder nos ajudar.
GO - Parcerias vão ser pedidas mesmo com a festa em andamento. E a pessoa que tiver interessada como é que deve fazer, padre?
FA - Basta procurar a secretaria da paróquia, a mim, a padre Walter ou à própria secretária da paróquia que está ali, em qualquer horário que nós vamos estar. Agora e sempre o dia inteiro, a Catedral aberta, abre às 6 da manhã e só fecha depois da novena da noite, então qualquer horário, chegando e se apresentando, certamente vão me encaminhar para que eu possa dizer que atividades vai desenvolver.
GO - Mas o empresariado de Mossoró tem colaborado, tem contribuído com a festa?
FA - Olha, a minha primeira experiência foi o ano passado e eu disse na comissão do ano passado que faria questão de ir pessoalmente porque é um ponto nevrálgico. Você tocar em dinheiro não é fácil e a gente sempre se pergunta pra onde vai, como é que vai ser usado e tem de se perguntar mesmo. E o ano passado eu fui, esse ano fui a quase todos, este ano com mais dificuldade por conta de Pau dos Ferros, metade da semana eu estou aqui e metade da semana eu estou lá, mas o que é interessante é ver as reações. Primeiro, um espírito de colaboração maravilhoso, mesmo a gente chegando num fim de ano, todo mundo pensando nas contas de fim de ano, no 13º salário, pensando como pagar tudo, mas você ver um espírito de colaboração muito grande. Nós não recebemos ninguém que nos tenha dito "não, não vou colaborar". Inclusive depoimento de gente que dizia: "olhe até no meu orçamento estrangulado pensei que este ano não ia , mas eu não posso faltar a Santa Luzia". A maioria é num sentimento que já se despede da comissão dizendo "no próximo ano eu aguardo vocês aqui". Outras com aquela sensação de dizer: "olhe essa é a minha forma de colaborar, eu não tenho tempo pra ser voluntário, mas não posso deixar de colaborar". Então esse, sem dúvida alguma, eu vejo que Mossoró chegar junto mesmo, ninguém fecha a porta. É que todo mundo sabe que as despesas são imensas, na medida em que você tem que montar infraestrutura, sem dúvida alguma. Claro que tem uma ajuda substancial da Prefeitura Municipal, mas eu acho que o empresariado, os comerciantes chegam, não só, eu acho que as famílias também. Todo mundo encontrou um jeito de colaborar com a festa. Eu acho que isso é bonito porque faz a festa realmente acontecer e todo mundo se sentir responsável.
GO - Existem pessoas que colaboram, que fazem doações financeiras e não querem aparecer?
FA - Tem. É engraçado porque têm alguns que dizem "eu não quero nem que a marca da minha empresa apareça". Porque a gente pede logo a logomarca pra divulgar, mas eles dizem "não, não há a necessidade". Têm alguns que não querem recibos, mas a gente manda assim mesmo, mas os que dizem "olha eu não quero que a minha empresa apareça não é porque não quero que apareça na Festa de Santa Luzia, é porque simplesmente eu quero que seja uma doação como minha colaboração à festa. Pra fazer a festa acontecer"...
GO - E o poder público?
FA - Chega também. Nós batemos à porta da Prefeitura pra estabelecer um novo convênio, no ano passado nós entendemos as dificuldades financeiras, nós pedimos que a Prefeitura este ano visse, revisse os valores e eles conseguiram aumentar em relação ao ano passado e realmente a gente entende que foi um passo dado sem dúvida alguma. A Prefeitura, acho que ela colabora não só colabora com o convênio que a gente estabelece como valor, mas ela coloca à disposição as secretarias. Muito importante, na estrutura, o que a gente precisa de uma secretaria ou de uma gerência, há sempre uma porta aberta que a gente pode contar pra fazer realmente a festa acontecer.
GO - Padre, quanto à evolução da Igreja Evangélica, o senhor também nota que há uma evolução do catolicismo, dos devotos de Santa Luzia, por exemplo, não mexeu, há uma redução, como é que o senhor vê esse processo?
FA - Não, eu acho que o crescimento dos evangélicos se dá de forma acentuada entre aquela faixa de católicos que se diz católico não praticante. Então é uma faixa entre nós que foi batizada por tradição, mas nunca teve uma pertença à igreja...
GO - E o Encontro de Casais com Cristo, o ECC, tem um envolvimento maior cada ano?
FA - Sem dúvida. Quando Dom Mariano assumiu, uma das coisas que ele determinou é que todas as cidades, nós somos 56 municípios da Diocese e ele sempre disse: "eu não quero só as paróquias, eu quero todos os municípios com o ECC". Por que o Encontro de Casais com Cristo é importante? Porque ele atinge o casal. Quando atinge o casal, a família inteira é beneficiada, você mexe com todo mundo, por que você muda a relação marido e mulher, que muda a relação pais e filhos. Então o ECC eu acho que ele tem conseguido dar esse passo. Primeiro por envolver a família, segundo porque ele faz com que cada um comece a buscar uma forma de participar da igreja, em alguma pastoral, algum movimento, serviço. Se você olhar para as nossas festas de padroeiro, inclusive a de Santa Luzia, você observe: ta fora todo mundo que fez ECC, é possível que vão ficar sem ninguém. Vão ficar só eu e o padre Walter, sem dúvida alguma. Então é um dos serviços que nós temos na igreja que tem ajudado muito a dar esse caráter de pertença à igreja. De repente você desperta pra até a partir do encontro de casais. Tava ali acomodado, o encontro de casais dava uma mexida. Eu me lembro porque fiz ainda Diácono, que a gente só faz como solteiro, a exceção somos nós que somos Diácono e eu era na época que fiz. Dá uma mexida na fé, na vida. Então o ECC acaba por ser um despertar pra fé, para a igreja, uma reflexão profunda que você faz sobre a vida, sobre a família, sobre os elementos que estão ao seu redor e de repente você não via e aí você puxa naquele momento e começa a rever um pouco as coisas. Eu acho que sem dúvida alguma o ECC tem sido essa força muito grande.
GO - Padre, o segundo turno das eleições, as questões religiosas, temas polêmicos foram utilizados e até de maneira meio agressiva, digamos assim. Como é que o senhor, na condição de religioso, analisa essa mistura de política e religião?
FA - Olha, é sempre um tema incendiário, né? E quando você junta esses dois, o incêndio é grande.
GO - E podemos até lembrar que Padre Mota foi deputado estadual, não é?
FA - Imagine. O Monsenhor Walfredo governador. Padre Oswaldo, de Luis Gomes, recentemente o padre Paulo Brasil que deixou o ministério e é vereador em Caraúbas, então nós temos essa relação. Eu acho que assim, entendo, porque o padre ele acaba exercendo uma certa liderança na comunidade e num dado momento ele quer continuar esse exercício da liderança dessa forma. Entendo perfeitamente que isso possa vir a acontecer. Mas realmente nas eleições e de modo particular nas eleições presidenciais, eu acho que se levou pra uma área que é muito nevrálgica e não deveria ser palco de uma eleição. É tanto que acabou a eleição e acabou a discussão. Então você vê, o fim não era o assunto...
GO - ... ou que seja o assunto de mais respeito...
FA - ... exato, eu acho que sim. Eu acho que a campanha acabou enveredando por um nível muito baixo até nessa área, Eu acho que você tem de fazer discussões elevadas em todos os níveis para que você garanta não só o nível da campanha, mas que consiga debater questões do futuro. E no nosso caso tava em jogo um projeto de Brasil, que cada um queria ter. Eu me entristecia nesse aspecto aqui por faltar naquele momento ali questões quanto a projetos para o Brasil que realmente pudessem ser amplamente discutidos e não questões que devam ser discutidas noutro momento, para além de questões pessoais como foi tão trabalhado.
GO - Agora o cidadão Flávio Augusto. O que espera do Brasil agora depois de oito anos do Governo Lula e agora com Dilma, primeira mulher presidente. Não o padre, mas o cidadão que pensa?
FA - Eu sou muito esperançoso. Acho que o Brasil deu passos grandes até aqui, tenho esperanças que se confirme, vamos esperar as equipes ou a equipe fundamental da presidente eleita, como é que vai se comportar o quadro, que se defina de nomes, porque sem dúvida alguma a gente elege o chefe, mas se ele não tiver uma boa equipe de assessoria o País não funciona, o Estado não funciona, eu não tenho dúvidas de que a equipe é fundamental em qualquer setor. Também na Diocese, numa paróquia, em qualquer lugar você tem que ter uma boa equipe. Não basta o dono da empresa querer que ela funcione se não tiver bons funcionários, uma boa equipe de trabalho. Não vai funcionar. Então eu sou da esperança assim, de que realmente a gente continue nessa perspectiva. Acho que o Brasil precisa conjugar sempre, o crescimento econômico que é necessário, nós todos desejamos, mas nós todos precisamos ver esse aspecto social. Por que ou a gente cresce de forma igualitária ou pelo menos tentando diminuir as distâncias ou realmente a gente envereda por jogar ovos no país, num grupo de miseráveis que será difícil depois contornar. Eu acho que é importante conjugar as duas coisas, o aspecto econômico e o social. Garantir o mínimo às pessoas é fundamental.
GO - O senhor é oriundo de uma família política, de certa forma, o senhor já pensou alguma vez em um projeto desse nível?
FA - É claro. Eu sou de Severiano Melo, sou Melo. Sem dúvida alguma que essa veia política é muito forte, mas assim, eu sempre tive claro que quis ser padre na vida. Na minha cabeça, meu projeto político é muito claro. Eu quis ser padre e toda vida sempre quando se perguntaram "o que você quer ser", dizia quero ser padre. Isso não significa dizer que esse aspecto de desenvolvimento político você não acatasse, um plano de discussão. Mas o meu envolvimento assim como pessoa é mais, eu me identifico, não me vejo sem ser padre. Essa é a verdade, eu gosto de ser padre, acho que Deus me chamou pra isso. Então, claro que, em Severiano Melo, a gente escuta muito e na frente lá de casa também, onde meus pais moram, hoje num sítio...
GO - ... é quase que um palanque ... (risos)
FA - ... meu pai foi o primeiro vice-prefeito de Severiano Melo, foi vereador, graças a Deus deixou, eu tenho tios, os meus primos, mas não tenho eu inclinação. Eu não me vejo pedindo voto. Acho que você tem que ter um jeito todo especial. Eu tenho outra forma de viver, não me vejo realmente pedindo voto de ninguém.
Entrevista concedida aos jornalistas Luís Juetê e Gilberto de Sousa
GO - Padre Flávio, o que há de novidade para este ano na festa, o que é que o senhor pode destacar?
FA - Olha, eu acho que a gente já começou, o ponto de partida nosso já é diferente. Porque o que quisemos fazer: no dia 3, ser uma abertura tipo assim que a gente tira só de Mossoró porque eu sempre compreendo que a festa não pode ser entendida como sendo só do município de Mossoró. A gente faz todo tipo de preparação, mas a gente precisa dar também à festa um caráter regional. O que é que a gente fez este ano, a abertura sair de Riacho da Cruz. Às 3h da tarde uma celebração ali e depois a imagem sair em carreata até Mossoró. E porque Racho da Cruz? Porque a última capela dedicada a Santa Luzia na Diocese foi inaugurada em maio. Eu dei a bênção ali na comunidade e ali surgiu a ideia de que a gente poderia começar a Festa de Santa Luzia. E eles toparam. Uma comunidade inteira movimentada, organizada, se sentiu muito valorizada pra festa começar em Riacho da Cruz e toda uma mobilização, pra fazer com que a partir de Riacho da Cruz, às 3h da tarde, a gente faça esse percurso até chegar a Mossoró, garantindo a abertura às 19h para a instalação oficial da festa. Então esse já é um primeiro elemento, fazer com que a própria festa já seja aberta, eu diria, fora da geografia do município de Mossoró. Há um segundo aspecto que é no ano passado nós tivemos a motorromaria e foi um sucesso, todo mundo gostou, vibrou, participou, vamos fazê-la de novo, sem dúvida. Mas este ano, como o pároco de Santa Luzia também gosta de ver o ciclismo, um adepto disso, de madrugada o Padre Walter percorre a paróquia de bicicleta, todo mundo dormindo e ele andando de bicicleta, nós vamos fazer a primeira pedalada com Santa Luzia. Nós vamos ter no dia 12, às 7 horas da manhã, ela sai de bicicleta com quem quiser participar, acompanhá-lo com a imagem. Então nós vamos percorrer sete quilômetros dentro da cidade com oito paradas. Nós vamos fazer paradas nas casas de idosos, de doentes que não podem mais se locomover. Então ali a imagem para, todo mundo desce, faz um momento de oração e Padre Walter deixa uma vela acesa ali naquela casa pra dizer "já estamos na véspera da Festa de Santa Luzia"...
GO - ... e principalmente pessoas que foram envolvidas na festa...
FA - ... Exato, a prioridade é exatamente estas pessoas que de alguma forma em anos anteriores já participaram e que de certa forma hoje estão impedidas ou pela idade ou por alguma doença. Sente-se um pouco distante. Então nós estamos programando que a festa chegue até estas pessoas até como forma de agradecer, porque são todos voluntários que trabalham na Festa de Santa Luzia. Então é uma forma da festa acontecer, levar isso, a presença da imagem, a própria festa chegar a essas pessoas. Um outro elemento que ainda é um passo adiante é um palco que nós vamos ter na Dix-sept Rosado, garantindo que a cada noite nós tenhamos uma banda exclusiva ali. É claro que eu acho que revitalizar a Festa de Santa Luzia a Dix-sept Rosado é um processo lento. Eu entendo que é lento porque todo mundo, quando você quebra pra voltar não é tão simples. E iniciar um projeto é fácil.
GO - E a própria quebra foi muito questionada, não é?
FA - Exato. Aí o que é que acontece, o ano passado a gente decidiu recomeçar e esse ano nós colocamos um palco exclusivo na Dix-sept Rosado, voltado pra ela, com uma banda a cada noite se apresentando. Pode ser que ainda tenhamos um público pequeno, não me interessa. Me interessa que a cada ano a gente vá acrescentando à Dix-sept Rosado elementos que garantam realmente uma estrutura de festa. Então esse é um terceiro elemento que a gente vai colocar...
GO - Padre, e com relação à A Mais Bela Voz, vai haver alguma redução em termos de patrocínio?
FA - A Mais Bela Voz, nós fomos comunicados de que a tradição é a Petrobras sempre fazer esse patrocínio. Este ano, por conta das eleições, por ter havido o segundo turno, a gerência nos avisou que não era possível. Nós tentamos muitos outros, mas sempre há uma dificuldade em relação à Lei Câmara Cascudo, às normas da tributação, então não foi possível. Pelo menos três grandes empresas de Mossoró ficaram encantadas com o projeto, queriam assumir, mas na hora da parte burocrática, sempre houve veto de alguém. O contador dizia que era incompatível, ou a própria secretária quando foi consultada. Então isso o que é que fez? Que nós não tivéssemos patrocinadores oficiais. Mas decidimos, a Diocese, a paróquia e a própria Rádio, fazer o projeto por questões de que ele é mais importante que uma dificuldade momentânea. Então nós decidimos dessa forma, bancar o projeto A Mais Bela Voz. A própria paróquia, a própria rádio e a Diocese, nós decidimos juntos que vamos fazer acontecer A Mais Bela Voz, inclusive nesse domingo é a final, tivemos que reduzir drasticamente algumas despesas que tínhamos no cotidiano, e fazer com mais voluntários, diminuir em 50% a premiação, já que não temos patrocinadores, mas também um jeito de dizer vamos fazer. O importante é o incentivo.
GO - Padre Flávio é difícil organizar e se conduzir a Festa de Santa Luzia sem lembrar do Monsenhor Américo Simonetti, não é?
FA - Sem dúvida. Eu acho que há dois quadros muito interessantes. Você vai visitar as pessoas de Mossoró, quando se fala em Santa Luzia se tem duas referências. Primeiro é você não souber que as pessoas lembram de Monsenhor, das profissões que ele fazia, preparando a Festa de Santa Luzia, vi depoimento de pessoas dizendo "padre, eu vi Monsenhor Humberto, com um lampião na cabeça pra clarear a noite, pra fazer a procissão de uma casa pra outra". Sabe como é que você quer fazer as coisas acontecerem. Então essa lembrança, essa memória de Monsenhor Humberto e o salto que Monsenhor Américo deu a partir da década de 80 quando ele assumiu a paróquia e aí ele a cada ano fez com que a festa deixasse de ser de uma paróquia...
GO - ... perdeu a característica paroquiana...
FA - ... perdeu. Monsenhor Américo deu esse salto impressionante. Veja que no ano passado nós tivemos que assumir as festas quando ele veio a óbito, mas assim, a forma como Monsenhor Américo organizava, pra mim é um legado que pra mim é deixar para sempre porque realmente é muito bem estruturado. Às vezes você vai fazer pequenas adaptações em função só das necessidades, como, por exemplo, hoje há uma preocupação muito grande com segurança, então nós tivemos de acrescentar à Festa de Santa Luzia esse item, claro, com a coordenação de uma engenheira de segurança, fazendo um trabalho maravilhoso, de garantir a segurança na festa, que as equipes estejam dentro dos padrões de segurança, pra que acontecendo qualquer incidente tenha socorro imediato, tenha assistência e preveni-los. Então isso é importante. Eu diria, realmente a gente não pode deixar de falar em Monsenhor Américo nestes aspectos da organização e da grandiosidade que ele deu à Festa de Santa Luzia. Por isso ele será sempre uma memória que temos obrigação de fazer.
GO - Ainda em relação à festa. Ela já está em andamento, mas se a pessoa, o telespectador tiver interesse em contribuir, de participar como colaborador, como é que deve proceder e quais as áreas que o senhor apontaria como carente e que necessita de mãos amigas?
FA - Certo. Veja, a festa já acontecendo, as equipes já constituídas, mas às vezes nós precisamos de muitos voluntários ali mesmo na matriz, porque há uma necessidade de gente que possa fazer determinado serviços e nós temos poucos voluntários que têm dedicação. Às vezes pode ser que alguém tenha uma manhã livre, que pra nós é preciosíssima, porque pode nos ajudar ali. Nós fazemos determinados serviços. Hoje veio uma pessoa me dizer: "eu posso lhe ajudar todas as tardes" e eu digo "vá pra Catedral das 3h às 5h, de expediente", já apresentei ali à turma e é um serviço burocrático, é um serviço de atendimento ao romeiro que vem pedir alguma informação, então, nesse nível se alguém puder ajudar será muito bem-vindo. Por que nós precisamos de gente que tenha condição de atender bem aos fiéis nas celebrações, dar as devidas informações. Então, nós tivemos que treinar pessoas que possam fazer isso, já temos algumas e é importante que você possa garantir esse atendimento. E até o dia 13 porque realmente nos dias 12 e 13, os últimos dias, é um acúmulo muito grande de atividades. E aí quanto mais voluntários pudermos reunir ali em torno da Catedral, garantir o acontecimento da festa, melhor pra todo mundo porque evita uma sobrecarga de alguns e faz com que a festa seja assumida por todos nós. Então nesse aspecto aqui é maravilhoso se alguém puder nos ajudar.
GO - Parcerias vão ser pedidas mesmo com a festa em andamento. E a pessoa que tiver interessada como é que deve fazer, padre?
FA - Basta procurar a secretaria da paróquia, a mim, a padre Walter ou à própria secretária da paróquia que está ali, em qualquer horário que nós vamos estar. Agora e sempre o dia inteiro, a Catedral aberta, abre às 6 da manhã e só fecha depois da novena da noite, então qualquer horário, chegando e se apresentando, certamente vão me encaminhar para que eu possa dizer que atividades vai desenvolver.
GO - Mas o empresariado de Mossoró tem colaborado, tem contribuído com a festa?
FA - Olha, a minha primeira experiência foi o ano passado e eu disse na comissão do ano passado que faria questão de ir pessoalmente porque é um ponto nevrálgico. Você tocar em dinheiro não é fácil e a gente sempre se pergunta pra onde vai, como é que vai ser usado e tem de se perguntar mesmo. E o ano passado eu fui, esse ano fui a quase todos, este ano com mais dificuldade por conta de Pau dos Ferros, metade da semana eu estou aqui e metade da semana eu estou lá, mas o que é interessante é ver as reações. Primeiro, um espírito de colaboração maravilhoso, mesmo a gente chegando num fim de ano, todo mundo pensando nas contas de fim de ano, no 13º salário, pensando como pagar tudo, mas você ver um espírito de colaboração muito grande. Nós não recebemos ninguém que nos tenha dito "não, não vou colaborar". Inclusive depoimento de gente que dizia: "olhe até no meu orçamento estrangulado pensei que este ano não ia , mas eu não posso faltar a Santa Luzia". A maioria é num sentimento que já se despede da comissão dizendo "no próximo ano eu aguardo vocês aqui". Outras com aquela sensação de dizer: "olhe essa é a minha forma de colaborar, eu não tenho tempo pra ser voluntário, mas não posso deixar de colaborar". Então esse, sem dúvida alguma, eu vejo que Mossoró chegar junto mesmo, ninguém fecha a porta. É que todo mundo sabe que as despesas são imensas, na medida em que você tem que montar infraestrutura, sem dúvida alguma. Claro que tem uma ajuda substancial da Prefeitura Municipal, mas eu acho que o empresariado, os comerciantes chegam, não só, eu acho que as famílias também. Todo mundo encontrou um jeito de colaborar com a festa. Eu acho que isso é bonito porque faz a festa realmente acontecer e todo mundo se sentir responsável.
GO - Existem pessoas que colaboram, que fazem doações financeiras e não querem aparecer?
FA - Tem. É engraçado porque têm alguns que dizem "eu não quero nem que a marca da minha empresa apareça". Porque a gente pede logo a logomarca pra divulgar, mas eles dizem "não, não há a necessidade". Têm alguns que não querem recibos, mas a gente manda assim mesmo, mas os que dizem "olha eu não quero que a minha empresa apareça não é porque não quero que apareça na Festa de Santa Luzia, é porque simplesmente eu quero que seja uma doação como minha colaboração à festa. Pra fazer a festa acontecer"...
GO - E o poder público?
FA - Chega também. Nós batemos à porta da Prefeitura pra estabelecer um novo convênio, no ano passado nós entendemos as dificuldades financeiras, nós pedimos que a Prefeitura este ano visse, revisse os valores e eles conseguiram aumentar em relação ao ano passado e realmente a gente entende que foi um passo dado sem dúvida alguma. A Prefeitura, acho que ela colabora não só colabora com o convênio que a gente estabelece como valor, mas ela coloca à disposição as secretarias. Muito importante, na estrutura, o que a gente precisa de uma secretaria ou de uma gerência, há sempre uma porta aberta que a gente pode contar pra fazer realmente a festa acontecer.
GO - Padre, quanto à evolução da Igreja Evangélica, o senhor também nota que há uma evolução do catolicismo, dos devotos de Santa Luzia, por exemplo, não mexeu, há uma redução, como é que o senhor vê esse processo?
FA - Não, eu acho que o crescimento dos evangélicos se dá de forma acentuada entre aquela faixa de católicos que se diz católico não praticante. Então é uma faixa entre nós que foi batizada por tradição, mas nunca teve uma pertença à igreja...
GO - E o Encontro de Casais com Cristo, o ECC, tem um envolvimento maior cada ano?
FA - Sem dúvida. Quando Dom Mariano assumiu, uma das coisas que ele determinou é que todas as cidades, nós somos 56 municípios da Diocese e ele sempre disse: "eu não quero só as paróquias, eu quero todos os municípios com o ECC". Por que o Encontro de Casais com Cristo é importante? Porque ele atinge o casal. Quando atinge o casal, a família inteira é beneficiada, você mexe com todo mundo, por que você muda a relação marido e mulher, que muda a relação pais e filhos. Então o ECC eu acho que ele tem conseguido dar esse passo. Primeiro por envolver a família, segundo porque ele faz com que cada um comece a buscar uma forma de participar da igreja, em alguma pastoral, algum movimento, serviço. Se você olhar para as nossas festas de padroeiro, inclusive a de Santa Luzia, você observe: ta fora todo mundo que fez ECC, é possível que vão ficar sem ninguém. Vão ficar só eu e o padre Walter, sem dúvida alguma. Então é um dos serviços que nós temos na igreja que tem ajudado muito a dar esse caráter de pertença à igreja. De repente você desperta pra até a partir do encontro de casais. Tava ali acomodado, o encontro de casais dava uma mexida. Eu me lembro porque fiz ainda Diácono, que a gente só faz como solteiro, a exceção somos nós que somos Diácono e eu era na época que fiz. Dá uma mexida na fé, na vida. Então o ECC acaba por ser um despertar pra fé, para a igreja, uma reflexão profunda que você faz sobre a vida, sobre a família, sobre os elementos que estão ao seu redor e de repente você não via e aí você puxa naquele momento e começa a rever um pouco as coisas. Eu acho que sem dúvida alguma o ECC tem sido essa força muito grande.
GO - Padre, o segundo turno das eleições, as questões religiosas, temas polêmicos foram utilizados e até de maneira meio agressiva, digamos assim. Como é que o senhor, na condição de religioso, analisa essa mistura de política e religião?
FA - Olha, é sempre um tema incendiário, né? E quando você junta esses dois, o incêndio é grande.
GO - E podemos até lembrar que Padre Mota foi deputado estadual, não é?
FA - Imagine. O Monsenhor Walfredo governador. Padre Oswaldo, de Luis Gomes, recentemente o padre Paulo Brasil que deixou o ministério e é vereador em Caraúbas, então nós temos essa relação. Eu acho que assim, entendo, porque o padre ele acaba exercendo uma certa liderança na comunidade e num dado momento ele quer continuar esse exercício da liderança dessa forma. Entendo perfeitamente que isso possa vir a acontecer. Mas realmente nas eleições e de modo particular nas eleições presidenciais, eu acho que se levou pra uma área que é muito nevrálgica e não deveria ser palco de uma eleição. É tanto que acabou a eleição e acabou a discussão. Então você vê, o fim não era o assunto...
GO - ... ou que seja o assunto de mais respeito...
FA - ... exato, eu acho que sim. Eu acho que a campanha acabou enveredando por um nível muito baixo até nessa área, Eu acho que você tem de fazer discussões elevadas em todos os níveis para que você garanta não só o nível da campanha, mas que consiga debater questões do futuro. E no nosso caso tava em jogo um projeto de Brasil, que cada um queria ter. Eu me entristecia nesse aspecto aqui por faltar naquele momento ali questões quanto a projetos para o Brasil que realmente pudessem ser amplamente discutidos e não questões que devam ser discutidas noutro momento, para além de questões pessoais como foi tão trabalhado.
GO - Agora o cidadão Flávio Augusto. O que espera do Brasil agora depois de oito anos do Governo Lula e agora com Dilma, primeira mulher presidente. Não o padre, mas o cidadão que pensa?
FA - Eu sou muito esperançoso. Acho que o Brasil deu passos grandes até aqui, tenho esperanças que se confirme, vamos esperar as equipes ou a equipe fundamental da presidente eleita, como é que vai se comportar o quadro, que se defina de nomes, porque sem dúvida alguma a gente elege o chefe, mas se ele não tiver uma boa equipe de assessoria o País não funciona, o Estado não funciona, eu não tenho dúvidas de que a equipe é fundamental em qualquer setor. Também na Diocese, numa paróquia, em qualquer lugar você tem que ter uma boa equipe. Não basta o dono da empresa querer que ela funcione se não tiver bons funcionários, uma boa equipe de trabalho. Não vai funcionar. Então eu sou da esperança assim, de que realmente a gente continue nessa perspectiva. Acho que o Brasil precisa conjugar sempre, o crescimento econômico que é necessário, nós todos desejamos, mas nós todos precisamos ver esse aspecto social. Por que ou a gente cresce de forma igualitária ou pelo menos tentando diminuir as distâncias ou realmente a gente envereda por jogar ovos no país, num grupo de miseráveis que será difícil depois contornar. Eu acho que é importante conjugar as duas coisas, o aspecto econômico e o social. Garantir o mínimo às pessoas é fundamental.
GO - O senhor é oriundo de uma família política, de certa forma, o senhor já pensou alguma vez em um projeto desse nível?
FA - É claro. Eu sou de Severiano Melo, sou Melo. Sem dúvida alguma que essa veia política é muito forte, mas assim, eu sempre tive claro que quis ser padre na vida. Na minha cabeça, meu projeto político é muito claro. Eu quis ser padre e toda vida sempre quando se perguntaram "o que você quer ser", dizia quero ser padre. Isso não significa dizer que esse aspecto de desenvolvimento político você não acatasse, um plano de discussão. Mas o meu envolvimento assim como pessoa é mais, eu me identifico, não me vejo sem ser padre. Essa é a verdade, eu gosto de ser padre, acho que Deus me chamou pra isso. Então, claro que, em Severiano Melo, a gente escuta muito e na frente lá de casa também, onde meus pais moram, hoje num sítio...
GO - ... é quase que um palanque ... (risos)
FA - ... meu pai foi o primeiro vice-prefeito de Severiano Melo, foi vereador, graças a Deus deixou, eu tenho tios, os meus primos, mas não tenho eu inclinação. Eu não me vejo pedindo voto. Acho que você tem que ter um jeito todo especial. Eu tenho outra forma de viver, não me vejo realmente pedindo voto de ninguém.
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