Seguir a Cristo é um aprendizado
Com a paixão de Jesus ao longo do caminho, podemos compreender e dar razão à nossa fé na pessoa e na missão de Jesus de Nazaré. A paixão de Cristo está presente nas paixões de tantas pessoas que vivem nas comunidades, nas pastorais e nos movimentos sociais que testemunham radicalmente o projeto libertador d’Ele. Assim, os anúncios da paixão se tornam o cerne, o núcleo da fé cristã na perspectiva da ressurreição. É a ressurreição a força motivadora para os discípulos superarem as contradições, as dificuldades e os desafios da caminhada.
É no caminho de Cesareia de Filipe (cf. 10, 27 a) para Jerusalém (cf. 10,32) que Jesus ensinará os discípulos sobre as implicações de Seu projeto. Ele mostrará como devemos segui-Lo diante dos conflitos, crises e desafios. A pedagogia do Senhor será um processo de contínua partilha e ensinamentos no caminho. Para isso, Ele precisou ficar sozinho com os discípulos a fim de catequizá-los. É no caminho que a catequese, a formação d’Ele ocorrerá. Será uma longa catequese sobre o “seguimento”.
A comunidade de Marcos é marcada por uma experiência de conflitos e crises. Diante disso, ela constrói a imagem de Jesus. Por isso que, em Mc 8, 27-30, Cristo, no auge da crise, quis avaliar a caminhada da sua comunidade fazendo uma pergunta simples e direta: “Quem dizem os homens que eu sou?”.
Estão subindo para Jerusalém e, embora já saibam qual seria o destino de Jesus, acontece o anúncio: “O Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará” (cf. 10,33-34). Esse último anúncio mostrará claramente que o seguimento de Jesus não tem privilégios como pensavam os discípulos, porque a caminhada é marcada não só de glória. Passa pela coragem de deixar tudo para suportar a opção de vida que levará ao longo do caminho. O caminho de Jesus Nazareno será marcado pela rejeição, pela perseguição, luta e sofrimento. Essas são as condições para se chegar à glória.
E para, definitivamente, mostrar que para segui-Lo é preciso, muitas vezes, ser curado da surdez e da cegueira, estas estavam presentes durante todo o caminho. Por isso era difícil que os discípulos compreendessem a mensagem do Senhor Jesus a respeito da Sua Paixão como condição de segui-Lo.
Portanto, os três anúncios da Paixão de Jesus Cristo se encerram com a cura do cego de Jericó (cf. 10,46-52). O cego curado se põe a “seguir a Jesus pelo caminho”, o que não fizera o cego de Betsaida, no capítulo 8, nem o homem rico. Bartimeu é apresentado, assim, como modelo do discípulo. Jesus cura e ilumina Deus discípulos, tornando-os capazes de segui-Lo.
Pai, a exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, transforma-me em servidor de meus semelhantes, e não me deixes ter medo de colocar minha vida a serviço de quem precisa de mim.
Padre Bantu Mendonça
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